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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Antes que se Rompa o Tempo

Eu...você...nós que continuamos automáticos e seguros a andar pela planície,sempre repetindo as mesmas rotinas do dia - o café da manhã, o jornal, o que fazer para o almoço, a correspondência , as lamentações e o que faremos no fim de semana...De repente nos víssemos pendurados sobre o abismo de nossas lamentações e só nos restasse olhar e esperar diante de uma grande escuridão? É a alma ante a possibilidade de um adeus. Mas não queremos dizer adeus. No entanto é assim que somos, nunca estamos preparados para dizê-lo: adeus.Sabemos que existe um frágil fio que nos amarra sobre o abismo, e que em nossos corpos mora o adeus.Como dizia Cecília Meireles: "Tudo em ti era uma ausência que se demorava: uma despedida pronta a cumprir-se." Este " de repente" que absurdo...não queremos que ela seja súbita. O melhor que venha sem aviso prévio e nos pegue bem no meio de uma risada ou de um ritual de amor.Isso nos espanta e temos medo dos pensamentos que pensaríamos no tempo da espera.Por toda nossa vida nos recusamos a conversar com a morte.Até tentamos nos convencer que melhor seria recebê-la como um golpe final sem palavras,onde somente adormecessem todos os pensamentos. A esta altura eu, você...nós já estamos ficando preocupados,mas não é essa a intenção desta reflexão...e sim, chamar atenção para tudo aquilo que sempre desejamos fazer e ainda não fizemos -  e, fazer antes que se rompa o tempo: como ler os livros qua ainda não lemos,olhar a natureza com olhos antes nunca vistos, ouvir todas as músicas prefiradas como se os ouvidos acabassem de nascer, dizer todas as palavras que ainda não foram ditas, sentir todos os perfumes, apreciar novos sabores e tudo mais que nos for concedido fazer. É essas imagens do mundo que faz da vida bela!!!  Todos fazemos parte da maravilha que é o mundo. E é preciso que fiquemos, para que pelo menos a saudade seja adiada ...e enquanto isso " Há que se cuidar da vida..."pois a vida continua a despeito de tudo!!!

Um comentário:

  1. Realmente, nunca estamos preparados para o Adeus. Sei bem disso,pela partida de meu pai e até mesmo por rompimentos puramente emocionais. Você colocou o texto de forma singela e poética. Muito lindo. bjos

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